O PL 397/18 do executivo,
que reduz os valores de arrecadação da Operação Urbana Consorciada Água Branca,
não foi aprovado pelo seu Grupo de Gestão, e foi massivamente
rejeitado nas audiências públicas lotadas, realizadas em 2018. Atende
só aos interesses do mercado e reduz o valor de arrecadação para a realização
das importantes intervenções públicas previstas na Lei da OUCAB como CEU, UBS,
5 mil HIS e drenagem de córregos, ligação viária, entre outras.
Parado na Comissão de
Política Urbana da CMSP desde então, o reaparecimento do PL 397/18 no final da
gestão Covas, para votação em sessão extraordinária, é mais uma forma de
atender a interesses que não são transparentes, tirando proveito do momento em
que a atenção da população está voltada para crise sanitária. O PL 397/18 está
baseado em estudos econômicos defasados, elaborados em 2016 e depois das
audiências públicas, nenhuma outra proposta de alteração foi debatida com a
sociedade e com seus representantes no Grupo de Gestão da OUCAB.
Se aprovado em 1a. Votação,
poderá ser alterado por meio de substitutivos e emendas que impactarão a Lei da
OUCAB, atendendo a interesses contrários aos da população que massivamente
participa das audiências públic s e dos seus representantes eleitos para o
Grupo de Gestão da OUCAB. É atribuição do Grupo de Gestão, prevista no artigo
62 da Lei 15.893/13, deliberar sobre o plano de prioridades para implementação
do programa de intervenções, elaborado pela SP-Urbanismo, de acordo com as
diretrizes da Lei e do PDE e precedida da realização de audiência pública.
Detalhamos abaixo os motivos
pelos quais somos contra o PL 397/2018.
Por que o
PL 397/2018 foi rejeitado nas audiências públicas e pelo Grupo de Gestão da
OUCAB?
- Não há
JUSTIFICATIVA que sustente as propostas de reduzir o valor de CEPAC
para os míseros R$233,00 conforme a “tabela dinâmica”, ou mesmo retroceder aos
patamares inicialmente propostos em 2013 (reduzindo o valor de CEPAC
residencial de R$1.400,00 para R$700,00 e o valor de CEPAC comercial de
R$1.600,00 para R$800,00) e a piora dos parâmetros de ocupação da Gleba Pompéia.
- Caso seja aprovado o PL
397/18 com essa revisão, as melhorias urbanas para a região da Água Branca e
bairros do perímetro expandido (que constituem a finalidade da operação urbana)
serão drasticamente prejudicadas. Não haverá os recursos necessários para
investir no plano de intervenções públicas da OUCAB e nas prioridades aprovadas
no Grupo de Gestão, e perderemos habitações de interesse social, equipamentos
públicos de saúde, educação, áreas verdes, drenagem e mobilidade. Considerando
o contexto de retração dos investimentos do governo federal e penúria
financeira do município de São Paulo, esta situação é ainda mais grave.
- A operação conta
com SIGNIFICATIVO RECURSO EM CAIXA (hoje, R$ 665 milhões, com
destinação, beneficiários, terrenos e projetos definidos), com um grande atraso
na sua aplicação. A execução desses investimentos – como as moradias do
Subsetor A1 que atenderão as famílias cadastradas das Favelas do Sapo e da
Aldeinha, que aguardam atendimento habitacional há mais de 10 anos; finalização
das obras de drenagem do Córrego Água Preta, que impedirá as enchentes no
bairro da Pompéia e o prolongamento da Av Auro Soares, que contribuirá para a
mobilidade da região – DEVERIA CONSTITUIR O CENTRO DOS ESFORÇOS DA
GESTÃO MUNICIPAL.
- Foi realizado APENAS
UM LEILÃO de CEPAC, em 2015, quando os empreendedores não demandavam potencial
construtivo, pois muitos haviam recém aprovado projetos utilizando outorga
onerosa, e a dinâmica imobiliária na cidade encontrava-se em
retração. Atualmente, o
setor imobiliário está em franca recuperação, com alteração deste quadro.
Lembrando, que, a Operação Urbana Faria Lima também não obteve sucesso no
primeiro leilão, nem por isso deixou de ter boa arrecadação nos seguintes.
- O PREÇO MÍNIMO VIGENTE DO
CEPAC (de R$ 1.400,00, para usos residenciais e R$ 1.600,00, para comerciais) É
ADEQUADO. Caso a contrapartida financeira fosse calculada pelo método utilizado
antes de 2013 na Operação Urbana Água Branca (pela outorga onerosa), que
viabilizou inúmeros empreendimentos imobiliários, o valor atual equivaleria
entre R$ 1.600,00 e R$ 2.300,00[1]. O valor médio do potencial construtivo pago
em toda a cidade de São Paulo em 2017 foi de R$ 1.059,00[2]. Os estudos que
embasaram a revisão de valores constante no PL são defasados e frágeis. Vale a
pena lembrar, que no final de 2019 houve um leilão na OUC Faria Lima que o
valor do CEPAC atingiu R$ 17.600,00.
- O PAPEL DE UMA
OPERAÇÃO é garantir que a construção de novos empreendimentos seja acompanhada
de MELHORIAS URBANAS para atender as demandas dos antigos e novos moradores dos
bairros da Água Branca, de forma a romper com o ciclo histórico de adensamento
de edifícios sem qualidade de vida.
- DESCONTO no valor do
potencial construtivo NÃO INDUZ DINÂMICA IMOBILIÁRIA . Os descontos concedidos
na outorga onerosa nos bairros com menor interesse do mercado imobiliário, não
evitaram que a concentração imobiliária continuasse a ocorrer nas mesmas áreas
de sempre (quadrante sudoeste). O mesmo ocorre com os setores das operações
onde o CEPAC é mais barato, como o setor Jabaquara na Operação Urbana Água
Espraiada, que não atraiu interesse do setor imobiliário.
- Caso sejam excluídas as
exigências para o reparcelamento da GLEBA POMPÉIA , a mesma poderá ser ocupada
sem seguir um plano urbanístico que confira qualidade àquela imensa área. A
cidade ainda PERDERÁ a contrapartida em HABITAÇÕES de interesse social,
EQUIPAMENTOS PÚBLICOS e no desenho do sistema viário de forma a garantir uma
boa MOBILIDADE.
- Por fim, vale
lembrar que a LEI DA OUCAB É RECENTE (Lei 15.893 aprovada em 2013), construída
a partir de um longo processo participativo, que envolveu diversos setores da
sociedade. Diferente do atual processo de revisão proposto pela prefeitura, em
que a maioria dos representantes do Grupo de Gestão da operação urbana e da
população que participou da audiência pública (realizada em março de 2018) se
colocaram contrários. A falta de diálogo é outro problema, a revisão foi
enviada à câmara sem conhecimento do Grupo de Gestão (eleito pela população com
mais de 1.600 votos) e ainda contou com audiências marcadas sem antecedência. E
agora, o PL 397/2018 é colocado em pauta na CMSP sem diálogo prévio com a
sociedade e como Grupo de Gestão da OUCAB.
[1] Cálculo realizado com
base nos valores de terrenos do ano de 2017, retirados do Estudo de Viabilidade
Econômico da Operação Urbana Água Branca, realizado pela Prefeitura Municipal
de São Paulo.
[2] Calculado com base,
em: <http://outorgaonerosa.prefeitura.sp.gov.br/relatorios/RelSituacaoGeralProcessos.aspx>.
Assinaturas
de apoio de representantes da sociedade civil, associações, movimentos e
instituições
Associações, Movimentos,
Instituições
Associação dos Moradores do Conjunto Água Branca
Associação dos Trabalhadores Sem Terra da Zona Oeste
Associação dos Trabalhadores Sem Teto da Zona Noroeste
Associação dos Moradores do Jd. Comercial e Adjacências
Associação dos Trabalhadores do Conjunto Residencial Vale das
Flores
Associação dos Trabalhadores Sem Terra da Zona Oeste
Residencial City Jaraguá
Associação Porto de Areia
Associação de Moradia Jardim Casa Branca ll e Adjacências
Associação dos Movimentos de Moradia da
Região Sudeste
Associação de Moradores Pantanal Capela do Socorro
Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade)
Central de Movimentos Populares (CMP)
Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana
(CONDEP)
Conselho Regional do Meio Ambiente, Desenvolvimento
Sustentável e Cultural de Paz da Região da Lapa (CADES Lapa)
Instituto Casa da Cidade
Instituto Rogacionista Santo Anibal
Laboratório Espaço Público e Direito a Cidade (LabCidade
FAUUSP)
Lapa Sem Medo
Movimento Água Branca
Movimento de Defesa do Favelado da Região Episcopal Belém
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra Leste 1
Movimento Habitacional e Ação Social – MOHAS
União dos Movimentos de Moradia – São Paulo
Representantes da
Sociedade Civil
Adriana Bogajo (Instituto Rogacionista) –
Representante de Organizações Não Governamentais no Grupo de Gestão da OUCAB
Ana Carolina Santos – Representante dos moradores
do perímetro no Grupo de Gestão da OUCAB
Caio
Boucinhas – Representante dos moradores do perímetro no Grupo de Gestão da
OUCAB
Dulcinea Pastrello (Instituto Rogacionista) –
Representante de Organizações Não Governamentais no Grupo de Gestão da OUCAB
Ilma Pinho – Representante dos moradores do
perímetro no Grupo de Gestão da OUCAB
Jupira Cauhy – Representante dos moradores do
perímetro no Grupo de Gestão da OUCAB
Laisa Stroher (IAB/SP) – Representante das
Entidades Acadêmicas, Pesquisa e Profissionais no Grupo de Gestão da OUCAB
Leonor Galdino – Representante dos moradores do
perímetro expandido no Grupo de Gestão da OUCAB
Maria Elena Ferreira (Movimento Moradia Zona Oeste)
– Representante dos Movimentos de Moradia no Grupo de Gestão da OUCAB
Paula Santoro (FAU/USP) – Representante das
Entidades Acadêmicas, Pesquisa e Profissionais no Grupo de Gestão da OUCAB
Severina Amaral – Representante dos moradores do
perímetro expandido no Grupo de Gestão da OUCAB
Alberto Fernando Affonso Candido – Representante da
Sociedade Civil e Coordenador do Conselho Participativo da Lapa (CPM Lapa)
Alice Wey – Representante da Sociedade Civil no Conselho
Regional do Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz da
Região da Lapa (CADES Lapa)
Ana Carla Pereira – Representante dos Moradores no
Conselho de Zeis da Água Branca
Caritas Basso – Representante da Sociedade Civil no
Conselho Regional do Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de
Paz da Região da Lapa (CADES Lapa)
Denise Boschetti – Representante no Conselho Gestor
do Parque Buenos Aires até 2006
Edilson Henrique Mineiro – Conselheiro CMPU,
representante da UMM SP
Eduardo Melo – Representante da Sociedade Civil no Conselho
Regional do Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz da
Região da Lapa (CADES Lapa)
Eneida de Almeida – Representante do IAB-SP no
Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural e Ambiental
da Cidade de São Paulo (CONPRESP)
Fabio Benini Cabral – Conselheiro Participativo
Municipal Sub-Prefeitura da Sé
Helena Magozo – Representante da Sociedade Civil no
Conselho Regional do Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de
Paz da Região da Lapa (CADES Lapa)
Juliana Avanci, advogada do Centro Gaspar Garcia de
Direitos Humanos
Leonardo Musumeci – Representante do IAB-SP no
Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CADES)
Mariana Ferraz Kastrup – Representante do Segmento
Associação de Bairros no Conselho Municipal de Política Urbana (CMPU)
Margaret Alves Antunes
Maria de la Asunción Carollo
Blanco
Mauria Anastácio – Representante dos moradores no
Conselho de Zeis da Água Branca
Monica Fatima Ziliani – Representante da Sociedade
Civil no Conselho Municipal de Habitação (CMH)
Nabil Bonduki – Professor da FAU USP e membro do
Instituto Casa da Cidade
Natasha Mincoff Menegon – Representante do IAB-SP
na Câmara Técnica de Legislação Urbanística (CTLU)
Renato Anelli, professor IAU USP e Representante do
Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento São Paulo no Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado
de São Paulo (CONDEPHAAT)
Samira Rodrigues – Representante do IAB-SP no
Conselho Municipal de Habitação (CMH)
Simone Aguiar – Representante dos Moradores no
Conselho de Zeis da Água Branca e Representante da Sociedade Civil no Conselho
Participativo da Lapa
Simone Gatti – Representante do IAB-SP no Conselho
Municipal de Política Urbana (CMPU) e na Comissão Executiva da Operação Urbana
Centro
Solange Viana – Representante da Sociedade Civil no
Conselho Regional do Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de
Paz da Região da Lapa (CADES Lapa)
Stela Da Dalt – Conselheira Participativa Municipal
da Sé
Toni Zagato – Conselheiro Participativo Municipal
da Lapa (2018-2020, Coordenador por 3 semestres), Arquiteto e Urbanista, Mestre
em Políticas
Públicas
Vanessa Cristina Matarazzo – Representante da
Sociedade Civil no Conselho Participativo Municipal da Lapa (2016/18-2018/19)
Regina Zaidan Pereira Mendes – Conselheira Viva
Pacaembu por SP
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