OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA ÁGUA BRANCA

A comunidade da Zona Oeste quer informações mais detalhadas sobre todas as intervenções previstas na Operação Urbana Consorciada Água Branca. Quer a realização de Audiências Públicas Temáticas (drenagem, patrimônio, viário, equipamentos públicos, mudanças climáticas, uso e ocupação do solo dentre outros), e de Audiências Públicas Devolutivas, com tempo suficiente para compreensão do problema e debates/proposições, visando o estabelecimento de um diálogo maduro, responsável, competente e comprometido com a sustentabilidade e a qualidade de vida de nossos bairros e moradores.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Análise do impacto da duplicação da Av. Raimundo Pereira de Magalhães no trecho Lapa/Vila Anastácio (fase 2) - entre Linha 8 da CPTM e Rio Tietê

A nova versão da duplicação (e não alargamento para 23 metros) da Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, no trecho da Lapa (entre a linha da CPTM e o Rio Tietê, na fase 2) é uma escolha equivocada e populista (visibilidade de uma ”grande obra”) da gestão municipal, já que: 

a) não terá sustentabilidade no trânsito; 
b) causará grandes impactos ambientais (demolição de patrimônio, prejuízos à vizinhança, aumento de poluição sonora etc.); e
c) também aumentará custos orçamentários da obra. 


Duplicação x Alargamento (23m)

Inicialmente, no trecho da Lapa/Vila Anastácio (fase 2), a Avenida Raimundo só seria alargada para 23 metros, mas não duplicada. Por quê?

Por algumas razões:
1.  A prioridade declarada da Prefeitura, ao projetar essa ligação até 2015/2016, era a de conexão eficiente do transporte público, ligando de forma rápida os 2 lados da Av. Raimundo, e assim o Terminal da Lapa ao de Pirituba por um corredor de ônibus contínuo. 

2. Essa prioridade tinha em mente que duplicar (em vez de só alargar) a Avenida causaria muito mais impactos no entorno. Exemplos:

2.1 - O aumento do fluxo de veículos particulares por dentro dos bairros Lapa, Alto da Lapa, Vila Anastácio, que serão induzidos a utilizar suas ruas como passagem para acessar a nova ponte;

2.2 Ao aumentar o fluxo, haverá mais interferências negativas (poluição sonora, tráfego rápido, acidentes com pedestres, por ex.) em ruas hoje de trânsito local;

2.3 Demolição de patrimônio histórico: há um grande conjunto arquitetônico tombado tanto pelo CONDEPHAAT (órgão estadual de patrimônio) com pelo CONPRESP (órgão municipal, resolução e mapa anexos) no lado leste da Avenida Raimundo: as antigas “Oficinas Ferroviárias da Lapa da São Paulo Railway”. Trata-se das maiores e mais antigas oficinas ferroviárias da antiga Estrada de Ferro Santos Jundiaí (EFSJ), inauguradas em 1899. Sua instalação e funcionamento foram fundamentais para transformar toda a região da Lapa num dos principais polos industriais, comerciais e operários do Estado de SP. Pois as oficinas induziram a urbanização de vários bairros próximos (como Alto da Lapa, Vila Anastácio, Lapa de Baixo etc.). Enfim, a Lapa é o que é hoje em grande parte devido à grande acessibilidade e movimentação que a ferrovia e essas oficinas propiciaram, com a chegada de centenas de trabalhadores e empresas na região.




2.4 Na versão de alargamento (23 metros), esse importante patrimônio histórico municipal e estadual não era impactado; na duplicação, será necessária a demolição de parte dele (!). 

2.5 Além disso, vale lembrar que já está comprovado que, quanto mais faixas de carro, mais incentivo se dá ao uso do transporte individual. Ou seja, a sustentabilidade da obra é baixa, assim como outras pontes e avenidas (e a própria Marginal Tietê) comprovam: pouco depois de inauguradas, ficam congestionadas.

2.6 Finalmente, onde estão as justificativas técnicas (e não apenas alegações discursivas) de que mais faixas para carros resolverão o transporte público?

Enfim, é um grande contrassenso: se a Prefeitura já garantiria o transporte público com o alargamento (23m) e o corredor de ônibus nesse trecho, por que ela precisa duplicá-la? A quem isso realmente interessa? 

Conclusões

O trânsito de veículos já estava garantido na versão anterior da Avenida Raimundo: com o alargamento para até 23 metros (mais barato e menos impactante), 50% do leito da Avenida seria destinado a carros, 50% para ônibus/transporte público. Já com a duplicação proposta em 2017, o espaço de transporte particular sobe 66% para carros (!), e apenas 33% para ônibus/transporte público. 

Ou seja: uma opção que leva a mais custos orçamentários, maior trânsito de veículos individuais pelo interior dos bairros e mais impactos ambientais (patrimônio, vizinhança, barulho, poluição etc.).

A gestão vive afirmando que tem muitas “limitações orçamentárias”, que faltam recursos. (Inclusive tem vendido (privatizado) bens lucrativos, como o Anhembi, sob o discurso de supostamente "alimentar o caixa".) Então por que, está escolhendo gastar milhões de reais a mais para priorizar o transporte individual na Av. Raimundo (fase 2)? Por que, se isso causará mais impactos no Alto da Lapa, Lapa, Vila Anastácio, Lapa de Baixo etc.? 

Basta o alargamento para 23 metros da Raimundo no trecho Lapa. Haverá corredor de ônibus central (à esquerda), faixa de veículos individuais, e ciclovias nas laterais. 
Economizam-se milhões de reais e evitam-se vários impactos negativos. 

É absurdo o desperdício de dinheiro público com uma duplicação que não se justifica tecnicamente e ainda causa diversos impactos negativos na região.

(Toni Zagato, Conselheiro Participativo da Lapa)

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