Esse recurso, que já estava em caixa quando a Lei da OUCAB foi aprovada em 2013, é destinado para a realização de três obras
previstas no artigo 8º. da Lei da OUCAB, em ordem de prioridade:
I. Término das obras
de drenagem dos córregos Água Preta e Sumaré
II. Construção de, no mínimo, 630 HIS para atender as 1.061 famílias removidas entre 2007 e 2011 da Favela da Aldeinha e da Favela do Sapo
III. Prolongamento da Avenida Auro Soares de Moura Andrade,
que vai religar a Avenida Santa Marina.
Nos últimos anos, a justificativa do Prefeito e de seus Secretários de Desenvolvimento Urbano (SMDU) e Infraestrutura e Obras (SIURB), foi que as obras não eram realizadas porque
o recurso estava bloqueado pelo Ministério Público e pela Justiça (ICMP 414/2013, ACP 0026856-85.2013.8.26.0053, CS 0016261-17.2019.8.26.0053, SEI 7810.2019/0000446-4). Por sua vez,
o Ministério Público e a Justiça aguardavam a entrega, pela Prefeitura, das
informações comprobatórias do processo finalizado para a publicação dos editais
de licitação, condição para a liberação dos recursos solicitados.
Projetos ficaram parados, cronogramas com seus prazos constantemente adiados. A Prefeitura entregou as informações necessárias somente em
janeiro de 2020, e os recursos solicitados foram liberados e estão disponíveis desde março de 2020.
Mas até agora, novembro de 2020, a Prefeitura não publicou
os editais para o processo de licitação da
prioridade I e da prioridade II. Em 25 de julho publicou o edital da prioridade
III, suspensa em 11 de setembro pelo Tribunal de Contas do Município.
Qual o impacto que o "não fazer" do Prefeito tem na vida das pessoas?
A Lei 15.893/13 da OUCAB prevê intervenções para solucionar
problemas graves que existiam e ainda existem na Água Branca. O não cumprimento
deliberado da Lei, pelo Prefeito e seus Secretários, trazem grandes prejuízos na
saúde, na vida, no futuro e no patrimônio de milhares de pessoas.
Com as chuvas cada vez mais fortes, as inundações nos
bairros da Pompéia e Perdizes continuarão acontecendo, com riscos de acidentes
e prejuízos patrimoniais para quem mora e para quem circula pelo bairro.
As 1.061 famílias de baixa renda, que não tiveram o atendimento habitacional definitivo que já era previsto quando foram removidas das favelas entre 2007 e 2011, continuam vivendo em moradias precárias e insalubres, esparramadas pela cidade, sem recursos para pagar aluguel, ansiosas, aguardando que a prefeitura construa os conjuntos habitacionais na Água Branca. Para isso tem dinheiro, tem terreno, tem projeto, as famílias estão identificadas – mas não tem vontade política da gestão atual. E o mais cruel, mesmo com direito, mesmo com decisão judicial, a Prefeitura se nega a incluir essas famílias no Programa Auxílio Aluguel (ACP 0024680-75.2009.8.26.0053).
Mas, enquanto isso...
Enquanto o Prefeito não usa os cerca de R$ 670 milhões para beneficiar a população, tenta a todo custo aprovar na Câmara de Vereadores/as o PL 397/18, que beneficia única e exclusivamente o mercado das construtoras, rebaixando de R$ 1.400,00 para R$ 230,00 o valor do m2 de CEPAC das construções no perímetro da Água Branca.
Esse projeto de lei, rejeitado nas várias audiências públicas massivas já realizadas pela prefeitura e pela CMSP, continua em pauta para alguns vereadores que não respeitam a manifestação democrática da sociedade.
Medidas
de responsabilização precisam ser tomadas para que o Prefeito e seus
Secretários façam o que têm que fazer - cumpram a Lei 15.893/13, priorizem a
execução dos projetos, para os quais já há dinheiro, que possibilitam
segurança, qualidade de vida, dignidade à milhares de famílias que hoje são
afetadas pela irresponsabilidade da atual gestão.
A Câmara de Vereadores deve parar a tramitação do PL 397/18, em respeito à manifestação dos moradores da Água Branca, dos conselheiros e conselheiras eleitos/as, associações e instituições que já se manifestaram nas audiências públicas e em carta aberta, onde estão apresentadas as justificativas.
Representantes dos moradores e trabalhadores – Jupira Cauhy, Caio Boucinhas, Ilma Pinho, Ana Carolina Santos, Severina Amaral, Leonor Galdino;
Representante do Movimento de
Moradia – Maria Elena Ferreira (Movimento Moradia Zona Oeste);
Representantes de Organizações
Não Governamentais – Dulcinea Pastrello, Adriana Bogajo (Instituto
Rogacionista);
Representantes das Entidades
Acadêmicas, Pesquisa e Profissionais – Laisa Stroher (IAB/SP). Paula Santoro (FAU USP).
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