A Praça Conde Francisco Matarazzo Junior tem muitas
histórias. Quem conta é Ilma Pinho, que mora em frente à praça, é do CONSEG
Perdizes e defensora antiga dos cuidados que a praça precisa: “Em 2001 a praça estava
totalmente abandonada. Os moradores se mobilizaram e a Subprefeitura da Lapa
firmou um termo de adoção com a empresa Price W House e a praça ficou linda.”
Mas não durou. Com a mudança de governo, o termo de adoção não foi renovado e a
praça voltou a ficar abandonada pelo poder público.
Em defesa da Praça
Com a iniciativa de Ilma e de outros moradores do bairro por
meio de cartas, reuniões, abaixo-assinados, um grande mutirão de defesa da
Praça se formou. Jupira Cauhy, moradora, relata “reunimos todas as pessoas que reivindicam
que a prefeitura cuide da Praça. Fizemos um levantamento do que precisa ser feito
e apresentamos para o Subprefeito, Sr. Ademir Ramos – manejo arbóreo, recuperação do
coreto, do gradil, da quadra, piso e bancos, ajustes da
iluminação interna e externa, calçadas e manutenção de limpeza e jardinagem.”
O Grupo RevitalizAÇÃO,
do Instituto CEO do Futuro e o Grupo de Escoteiros do Palmeiras mantiveram
encontros aos sábados na praça, distribuíram panfletos e colheram assinaturas
para o abaixo assinado.
Problema delicado
Pessoas em situação de rua moram na praça. Uma delas mora no
coreto, com muitos cachorros. A quantidade de cachorros, a sujeira e o mau cheiro inibiram
a presença de frequentadores na praça. A saída dessas pessoas que moram na praça e a retirada dos
cachorros não é simples e requer uma ação coordenada dos profissionais da saúde
e da assistência social da Prefeitura.
Para o vereador Carlos Neder, que é médico sanitarista e
também mora no bairro, a situação de risco pela quantidade de cachorros “É um
caso de saúde pública. O interesse público deve prevalecer”. Neder participou da reunião com o Subprefeito da Lapa e
ofereceu a possibilidade de conseguir recursos públicos para a Subprefeitura
reformar a praça. Articulou uma reunião com o Secretário Adjunto de Saúde, Dr.
José Maria, para buscar uma solução coordenada da saúde com a assistência
social. Nesta reunião, além do Vereador e Secretário participaram representantes dos
moradores, instituições, Zoonose, Coordenação de Vigilância em Saúde, Subprefeitura da Lapa e Secretaria da Saúde.
Segurança
Dr. Marco Aurélio, delegado do 23º Distrito Policial e integrante do CONSEG Perdizes também
faz parte desse grupo que defende a praça. Fez vários contatos com a zoonose buscando adequar as necessidades dos moradores da praça com o interesse público.
Resultados
Na reunião, Dr. José Maria declarou "que a Saúde ficará responsável por coordenar uma ação
entre os profissionais da Saúde, Zoonose e da Assistência Social". Com a
permissão da pessoa que cria os cachorros, a zoonose já recolheu para doação os
cachorros mais jovens e está providenciando a castração dos demais animais. Pela
legislação, não é possível recolher cachorros e encaminhá-los para adoção ou
castração sem o consentimento da pessoa que cuida dos animais. O secretário também irá consultar o Ministério Público.
A Subprefeitura da Lapa fará um projeto de recuperação da
praça e encaminhará, ao gabinete do Vereador Carlos Neder, o orçamento
necessário, indicando os valores que a Subprefeitura não possui, para que o
vereador busque recursos por meio de emenda parlamentar.
A Subprefeitura Lapa iniciou o manejo arbóreo, retirando
árvores que estavam podres e que ofereciam riscos, fazendo poda de levantamento
ou de equilíbrio, reconstituindo os jardins e mantendo a limpeza com uma equipe
de zeladoria de praças.
Ação cidadã educativa
A ação conjunta de cidadãos e cidadãs com o poder público,
buscando resolver uma situação de interesse social e coletivo, é bastante
educativa. Muitas vezes, a solução dos problemas depende de uma ação
articulada, onde cada parte envolvida tem sua responsabilidade.
A praça Conde Francisco Matarazzo Junior é linda e muito
importante para o lazer dos que moram, trabalham e frequentam o nosso bairro. É mais importante ainda como área verde e permeável, num bairro que está cada vez
mais adensado e impermeabilizado.
Os usos da praça será um dos próximos temas dos moradores
com a prefeitura – a praça é pública, o que isso significa? O que pode ser
feito nela? Há recursos no orçamento da subprefeitura ou da Secretaria do Verde
para a sua manutenção? Como garantir que os frequentadores da praça possam cuidar
e monitorar o que é feito nela?
Vamos participar e acompanhar o que está sendo feito, para
que a praça volte a ser de todos/as.
Participaram das reuniões:
Dia 06 de junho/12, na
Subprefeitura da Lapa
Ademir Ramos -
Subprefeito, Helislane - Assessora do Subprefeito, Carlos Neder -
Vereador, Rita Quadros - Assessora do Vereador, Ilma Pinho e Jupira Cauhy -
moradoras, Andrea Poiani - ICF, Rosangela Rascazzi – GEP.
Dia 18 de junho/12, na Secretaria de
Saúde
SMS: José Maria Orlando -
Secretário Adjunto da Saúde, Inês Romano - COVISA, Ana Claudia - COVISA/Centro
de Controle Zoonoses, Kezia Alves, Ivan Caceres.
Vereador Carlos Neder, Rita
Quadros, assessora.
Subprefeitura Lapa: Carlos Blanco –
Coordenador de Administração e Finanças, Helislane Farias – Assessora
Subprefeito, Cyra Malta – Engenheira Agrônoma .
Movimento e instituições cidadãs:
Ilma Pinho, Jupira Cauhy, Carolina Oliveira, Andrea Poiani, Tallita Silva,
Rosangela Rascazzi.
A praça fica localizada entre as ruas Barão de Teffé, Higino Pelegrini, Pd. Antonio Tomas e Av. Francisco Matarazzo, no bairro da Água Branca.
Em resumo: vão expulsar o morador de rua de lá para que a classe média higienista da Pompéia possa fazer suas caminhadas. Engraçado que o que choca os moradores não é a situação do morador de rua, é a situação da praça.
ResponderExcluirMe parece que a iniciativa de buscar uma solução que resolva os problemas é uma novidade. Se fosse para expulsar o morador da praça, só para manter a higiene, isso já teria sido feito. Morar num coreto com mais de 20 cachorros não é digno para ninguém. Sair de lá para ir para um albergue, que abre das 18 às 6h e no restante do dia, ficar na rua, também não.
ExcluirSão Paulo, 02 de Julho de 2012
ResponderExcluirPrezados participantes do Movimento Água Branca
Em 29 de junho de 2012, tomamos conhecimento através de e-mail do movimento em defesa da Praça Conde Francisco Matarazzo Jr.
Estamos satisfeitos em saber que outros moradores, além da Ilma, cujo trabalho conhecemos, também se somam a esta defesa.
Como moradores e defensores das áreas verdes do nosso entorno ( Parque da Água Branca) gostaríamos de registrar nosso interesse em participar deste movimento. Infelizmente só tomamos conhecimentos destas recentes ações a partir do referido email.
Além dos pontos muito bem levantados pelo grupo junto as autoridades, também gostaríamos de incluir nesta retomada da praça a criação de um espaço reservado para que os proprietários de cães do entorno pudessem levar seus animais para atividades recreativas, socialização, etc., nos moldes do espaços que já existem há muitos anos na PRAÇA BUENOS AIRES, PARQUE VILLA LOBOs.. . Esta sugestão foi apresentada pela comunidade presente e incorporada como uma das questões e soluções para serem aplicadas na gestão das políticas públicas voltadas para os distritos afetados da subprefeitura Lapa durante o evento II Conferencia Regional do Meio Ambiente da subprefeitura da Lapa que ocorreu no dia 26 de fevereiro de 2011 e que contou com a presença das conselheiras do CADES REGIONAL: Cyra e Maria Laura.
Hoje a demanda por espaços públicos em áreas verdes vem crescendo exponencialmente não só para a população em geral como para os que tem como companhia de sua caminhada diária o cão.
No último levantamento em 2010 constatou-se que a relação cão-moradores no bairro de perdizes é de 1 animal para cada 5 habitantes. Número este que vem aumentando expressivamente em função dos novos empreendimentos imobiliários com a chegada dos novos moradores.
Cabe lembrar que a existência dos chamados “Park Dog” é uma realidade global já há muito tempo nas principais metrópoles mundiais.
Um dos valores agregados a existência de áreas verdes com espaços reservados para proprietários de cães próximos aos locais de residência é o fato de haver uma redução significativa de deslocamentos através de veículos motorizados para outros parque mais distantes da cidade ( Buenos Ayres, Villa Lobos, Ibirapuera etc), o que contribui também para a redução da emissão de poluentes e colabora na maior fluidez do trânsito. O que para uma agenda ambiental local não é nada mal!
Vale lembrar que APENAS A REVITALIZAÇÃO FÍSICA DO ESPAÇO, como ocorrida inúmeras vezes, inclusive pela Price Water House Coopers, não foi suficiente para criar vínculo e estabelecer o uso perene por moradores e trabalhadores do entorno, passando a Praça Conde Matarazzo Jr a servir de abrigo para pessoas necessitadas de moradia, esconderijo para assaltantes que atuam na avenida, drogados, animais abandonados, etc. ou fechada com chaves na tentativa de evitar sua depredação, mas sem vida , sem uso .
Implantar em nossa região um espaço com diversidade de usos: escotismo, academia ao ar livre ( similares as já implantadas em outros locais públicos de nossa cidade), park dog , quadra esportiva, agenda cultural no coreto, campanhas ecoeducativas, etc. ao lado de outras iniciativas já levantadas pelo grupo Movimento Água Branca proporcionará uma ocupação perene da praça por moradores cidadãos do entorno.
Humanizar nossa cidade passa necessariamente pela implantação de espaços de convívio para os seus moradores .
Esperamos ter contribuído com nossas observações e aguardamos novas notícias .
Um abraço a todos
Cândida Mendes e Paulo Meirelles
Moradores cidadãos e donos de uma linda labradora chocolate.
pracandida2010@gmail.com