OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA ÁGUA BRANCA

A comunidade da Zona Oeste quer informações mais detalhadas sobre todas as intervenções previstas na Operação Urbana Consorciada Água Branca. Quer a realização de Audiências Públicas Temáticas (drenagem, patrimônio, viário, equipamentos públicos, mudanças climáticas, uso e ocupação do solo dentre outros), e de Audiências Públicas Devolutivas, com tempo suficiente para compreensão do problema e debates/proposições, visando o estabelecimento de um diálogo maduro, responsável, competente e comprometido com a sustentabilidade e a qualidade de vida de nossos bairros e moradores.

domingo, 26 de janeiro de 2025

O bilhão e a inundação


Entregue em 2016, as grandes galerias para a drenagem do Córrego Água Preta e Córrego Sumaré, seriam muito mais eficientes se a água das inundações chegasse nelas. Mas, em períodos de fortes chuvas, as ruas inundam e as galerias seguem quase vazias.                                                               
Um dos motivos, já registrado no "Caderno Bacias dos Córregos Água Preta e Sumaré", publicado em 2019 pela SIURB, é visível - o sistema de grelhas, implantado na Avenida Sumaré, Rua Palestra Itália e Avenida Pompeia não funciona:

"A obra executada reduziu as inundações que atingem a bacia, em especial para o trecho de jusante, nas avenidas Francisco Matarazzo, Pompeia e Turiaçu, porém restaram pontos inundáveis importantes, como a Rua Venâncio Aires. As análises no sistema de drenagem atual nas bacias estudadas indicam alguns pontos que podem levar ao não funcionamento desejado. Dentre eles, destacam-se as grelhas de captação implantadas na porção baixa das bacias, a falta de conexão entre a nova galeria e as galerias antigas e, por fim, a implantação das obras que fazem parte do projeto de obras de macrodrenagem, necessárias para o combate às inundações previstas para a porção baixa das bacias dos córregos Água Preta e Sumaré. A deficiência no sistema de captação, constituído pelas grelhas e pelo sistema de microdrenagem, faz com que o escoamento superficial não chegue às galerias executadas, ocorrendo inundações na superfície e as galerias operando parcialmente. A medida adotada para captação do escoamento superficial e direcionamento para as galerias recentemente implantadas, nas duas bacias, foram seis grelhas, quatro na Avenida Pompeia, uma na Avenida Sumaré e outra na Avenida Palestra Itália. Essas estruturas captam o escoamento apenas na porção de jusante das bacias. O mau funcionamento das grelhas pode levar ao aumento das inundações nessas áreas. Fatores como o arraste de resíduos sólidos e de folhas de árvores pode interferir na capacidade de engolimento das grelhas" Caderno, página 134.
  
Rua Palestra Itália e Avenida Pompeia, após a água baixar, 24/01/2025

Em outubro de 2018, o Grupo de Gestão da OUC Água Branca (GGOUCAB), na sua 19º Reunião Extraordinária, deliberou pela continuidade do desenvolvimento das obras de drenagem dos Córregos Sumaré e Água Preta, proposta pela prefeitura, para resolver o problema diagnosticado do não funcionamento da drenagem:

1. Objetivos pretendidos:
a. Equalização das vazões entre as galerias antigas, novas e futuras do Córrego Água Preta e do Córrego Sumaré, com melhor aproveitamento de todas;
b. Distribuição da captação das águas pluviais: ligação entre as galerias e bocas de lobo existentes com as novas captações a implantar, que irão se somar às grelhas da Praça Marrey Junior (Córrego Sumaré) e da Praça Raízes da Pompéia (Córrego Água Preta);
c. Instalação de sistemas de retenção e remoção do acúmulo de sedimentos e flutuantes na galeria nova existente dos Córregos Sumaré e Água Preta;

2. Intervenções planejadas (passíveis de ajustes conforme detalhamento dos respectivos projetos):
a. Interligação da galeria antiga existente do Córrego Água Preta com a galeria futura próximo à confluência da Rua Venâncio Aires com a Rua Raul Pompéia;
b. Execução de galeria ao longo da Av Pompéia, desde a Praça Raizes da Pompéia até a Rua Venâncio Aires, e na Rua Venâncio Aires até próximo à Rua Raul Pompéia;
c. Interligação da galeria nova existente do Córrego Água Preta com a galeria futura próximo à Praça Raizes da Pompéia;
d. Readequação geométrica da interligação da galeria nova existente do Córrego Água Preta com a galeria nova existente do Córrego Sumaré próximo à confluência da Av. Pompéia com a Rua Gustav Willi Borghof;
e. Execução de galeria ao longo da Av. Sumaré, desde a Praça Marrey Jr. até a Rua Apiacás;
f. Interligação da galeria antiga existente do Córrego Sumaré com a galeria futura próximo à confluência da Av. Sumaré com a Rua Apiacás;
g. Aumento de seção de galeria na Rua José Benedito Boneli, no trecho entre a linha ferroviária da CPTM e a Av. Francisco Matarazzo;
h. Caixa de sedimentação na galeria nova existente do Córrego Água Preta próximo à confluência da Av. Nicolas Boer com a Av. Marquês de São Vicente;

3. Resultados esperados:
a. Redução significativa de alagamentos nas bacias dos Córregos Sumaré e Água Preta nas áreas dentro do perímetro da Operação Urbana Água Branca;
b. Eliminação de alagamentos nos trechos abaixo para um período de retorno de 20 anos: i.Confluência da Av. Francisco Matarazzo com a Av. Pompéia;
ii. Rua Venâncio Aires entre Av. Pompéia e Rua Raul Pompéia.

Desde então, a cada reunião trimestral ao longo dos anos, os representantes da sociedade civil e do poder público no GGOUCAB recebem, dos representantes da SIURB e SP Obras, relatos de problemas e justificativas para adiamento do início da obra, apesar da urgência e prioridade que essa obra requer. E nesse meio tempo, as obras da Linha 6 Laranja do Metrô iniciaram, em locais onde a SIURB pretendia implantar galerias.

As informações apresentadas pela SIURB, na reunião do Grupo de Gestão, realizada em dezembro de 2024, demonstram o cronograma atrasado:




Enquanto isso, valores acima de R$ 1 bilhão dos fundos da OUCAB, reservados para obras de habitação, saúde, educação e drenagem, como a dos Córregos Água Preta, Sumaré e Água Branca, seguem "dormindo" no banco e a população sofre com a tragédia das inundações. Esses fatos indicam que essa obras, tão importantes e necessárias,  NÃO FORAM PRIORITÁRIAS na gestão dos prefeitos Doria, Covas e Nunes. 

A inundação ocorrida no dia 25 de janeiro de 2025 lembrou a população da região da Água Branca, Pompeia, Perdizes, Barra Funda e Lapa que moram, literalmente, na várzea. A água da chuva procura o rio, ela desce com força, os córregos ressurgem para nos lembrar que estão vivos - apesar do concreto e do asfalto, com a força das águas arrastando carros, portões e pessoas.

Avenidas Pompeia e Francisco Matarazzo, 24/01/2025

Rua Palestra Itália, 24/01/2025

As chuvas fortes e o calor extremo já fazem parte do nosso cotidiano. A Cidade de São Paulo acabou de sair da etapa municipal, rumo à etapa estadual, da 5ª Conferência Nacional de MeioAmbiente, onde são indicadas propostas para o enfrentamento das consequências da crise climática. 

Mas, enquanto isso, a Prefeitura segue asfaltando ruas de paralelepípedo; autorizando a matança de árvores no Bosque da Sebastião Cortês, no Bosque do Alto da Lapa, na Avenida Sena Madureira e em São Mateus, ignorando as ações previstas no Plano Municipal de Ação Climática (PLANCLIMA), o Plano Municipal de Áreas Protegidas, Áreas Verdes e Espaços Livres (PLANPAVEL), o Plano Municipal de Arborização Urbana (PMAU), entre tantos outros.

O que o Prefeito Ricardo Nunes fará no seu segundo mandato, para que a situação registrada abaixo, não se repita?

Rua Palestra Itália, 24/01/2025

Rua Palestra Itália, 24/01/2025

Avenida Sumaré e Rua Dr. Homem de Melo

Rua Dr. Augusto de Miranda

Rua Raul Pompeia

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